domingo, 26 de julho de 2009

DIA DOS AVÓS- Sabia?


Pois é, hoje é o dia dos avós, mas não fiquem tristes se vossos netinhos não telefonarem porque na verdade é um dia pouco divulgado.
Mas quem já sabe do dia, toca a telefonar a dizer-lhes o quanto os amam. Eles de certeza irão gostar.
Como já não os tenho comigo na forma humana, decidi dedicar-lhes uns poemas. Sem me preocupar com métrica, com rima, com palavras harmoniosas, com arabescos, com público julgador. Apenas deixei soltar a memória e as teclas foram se soltando ao sabor deste momento de saudade.

Lembro-me avó Leonor
Como em pequena pousava minha cabeça em teu regaço
Te agarrava não querendo que acabasse aquele abraço

Achava que deverias ter uma bolsinha
No teu corpo como o canguru
Para ficarmos longo tempo juntas
Apenas eu … e tu

Mas regressavas aquele leito longo, longggooo leito
Onde repousavas como flor
Enquanto eu acordada, me revolvia
E pedia a Deus para levar a tua dor


- Quem quer bolachas?
A avó Emília dizia alto debruçada na janela
E aquela imagem ficou-me na memória
Era saborosa, bela
Mas nem sempre me retirava
Da brincadeira onde estava
- Traz-me a minha bolacha, Isabelinha
Que estou a brincar
Mas a avó era implacável e retorquia
- Não senhor! Quem quiser, que a venha buscar!

O avô José
Gostava de estar debaixo da eira
Ao sol, pensava na sua vida
E tinha o ar mais tranquilo
Que eu em miúda vira ainda
Gostava de novas tecnologias
Na minha inocÊncia espantou-me
Que nunca tivesse visto um gira-discos
Recente modernidade
Mas ele pedia outra vez
A música, que eu vaidosa lhe mostrava
E ali eu crescia um pouco mais
Ao ver alguém que me escutava
Perguntando com olhos de criança e de magia


O avô Mário era minucioso, perfeccionista
Todo muito zen, macrobiótico
Fazia yoga, pensava na natureza
Ia visitar os presos da redondeza

Ensinava a preservar.
-Nunca se sabe se um dia a água vai faltar…dizia
E eu inocente, não entendendo ainda o seu alcance
Apenas simplesmente sorria!

Quem dera agora a sua sabedoria…

7 comentários:

Presépio no Canal disse...

Também já não tenho os meus comigo fisicamente, mas não há dia que não me lembre deles, dos amigos incondicionais que foram, dos momentos generosos de carinho partilhados...
Uma imensa saudade...
Mas sinto-os sempre ao pé de mim... e sei que estão :)

Beijinho, Leonor. Gostei dos poemas :)

Áurea disse...

Adoreiiiii!...Com todas as letras.
Bonita lembrança.Hoje e não sei porquê, já me lembrou muito a minha mãe, embora recorde com muito carinho os meus avós e pricipalmente toda esta minha alegria, que às vezes consigo transmitir, herdei da minha mãe e avó paterna.
A Bruna, hoje demanhã quando falava com ela pediu-me para ir à escolinha contar uma história, amanhã, fiquei cheia de pena por não poder.
Não estás aí em Lisboa amanhã?Ias contar para todos e principalmente para a Matilde e a Bruna. Era lindo!...Pensa nisso, estás de férias!...

Leonor Lourenço disse...

Amiga, eu sem a estrelinha na cabeça, a minha malinha de cartão, a caixinha de música e estrelinhas para oferecer aos meninos, não sou ninguém nesta história.
A magia reside muito nestes pequenos-grandes pormenores.
Ainda estou em Lisboa, mas sem os ditos acessórias que para as crianças faz toda a diferença e na verdade, a mim também.
Ainda há meninos na escola? Pode -se pensar noutro dia. Beijo

Áurea disse...

Sim há. Claro sem os acessórios não faz sentido. Tens de passar a fazer como eu, andam sempre na mala do carro. Fica para outra oportunidade
bjo

Vânia disse...

adoro meus avós!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
bjs mil

Isabel Preto disse...

Obrigada, Leonor, por recordares um dia tão pouco divulgado, o que é pena, pois os avós são sempre duplamente pais.
O teu lindo poema, foi uma maneira linda de prestares homenagem aos teus avós, que tão importantes foram para ti.
Eu ainda tenho uma avó, a avó materna, que mora lá em Alfaião, uma aldeia perto de Bragança. Em breve irei abraçá-la.

Leonor Lourenço disse...

Vivam os avôs, pois então...