sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Pablo Neruda
Morre lentamente
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...
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6 comentários:
Bonito Texto! É um belo"cartão amarelo", para quem está á beira de se deixar morrer lentamente, erguer a cabeça e começar de novo! E que bem que sabe começar de novo!!!
Muito Obrigada Leonor!
Adorei o texto e fiquei a saber, que não morro mesmo lentamente.
Não me identifico com a maior parte dos parágrafos, felizmente.
Guadei para mim.
Bjo
Áurea
Morre lentamente...
Se não amamos tudo fica sem sentido.
Por isso nossa missão é espalhar a vida para todos que passam por nossas vidas.
Viver, sonhar, amar, inspirar.
Todos estes sentimentos nos justificam.
Uma linda semana para ti.
Gosto de Pablo Neruda, especialmente "Uma Canção Desesperada" e o poema "Brincas todos os dias" e "Aqui te Amo"...
AQUI TE AMO
Aqui eu te amo.
Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforece a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.
Descinge-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui eu te amo.
Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta..
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de arame.
Visita também a Floresta... está lá outro poema muito interessante: http://florestadasleituras.blogspot.com/2009/04/como-ja-sabem-nao-sou-especialmente-fa.html
Beijos
A poesia ainda atrai muita gente. Fico feliz por isso.
O Jaime apesar de ser seguidor deste blog, foi a poesia que o fez intervir pela primeira vez. A Cristina apaixonada pela linguagem, a Áurea sempre presente e com alma de poeta o Alisio também apaixonado pela poesia. Um abraço a todos e um óptimo fim de semana.
Áurea estive na jornada pedagógica com uma educadora que trabalhou contigo e só te teceu elogios, hein?
Aluisio e não Alisio. Sorry!
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